Silver Linings Playbook

É um exercício sempre difícil para qualquer realizador conseguir sair dos padrões, típicos das comédias românticas. E Silver Linings Playbook não é excepção.

Suscitou-me uma enorme curiosidade, na medida em que foi, de uma forma geral, aclamado pela crítica e nomeado para diversas categorias na corrida aos Óscares em 2013, o que por si só não é um grande feito, já que na Academia os critérios de qualidade revelam-se, com o passar dos anos, cada vez mais duvidosos. Prova disso foi a estatueta que Jennifer Lawrence arrecadou na categoria de melhor actriz quando uma das suas concorrentes era Emmanuelle Riva, por “Amour”. Um autêntico sacrilégio!

Uma história cheia de clichés, em que tudo é previsível. David Russel limitou-se a contar uma história banal, com os ingredientes habituais deste género de filmes. Terá sido, seguramente, uma opção consciente, mas teria que ser mais inventivo para conseguir ir mais além.

Bradley Cooper surpreende, mas é Jennifer Lawrence que convence. A relação entres estes dois seres humanos psicóticos e disfuncionais, numa luta diária em conseguirem enquadrar-se na realidade, despertam alguma comoção e, nas suas lutas constantes contra os seus fantasmas, deliciam-nos com alguns momentos de humor irresistíveis. E vi, finalmente, Robert De Niro num papel à sua medida, o que para para mim, confessa admiradora deste grande actor, foi talvez o que mais me cativou nesta narrativa. Destaque ainda para a banda sonora que é magnífica!

Não consigo compreender o deslumbramento à volta deste Silver Linings Playbook. Um filme simpático e divertido, apenas isso.

Classificação: 6.9/10


2 thoughts on “Silver Linings Playbook

  1. De facto, nestas escolhas começamos a acreditar cada vez menos no valor do que é seleccionado, na isenção dos critérios de selecção e na capacidade de quem é distinguido. Dizia, há dias, um amigo meu: a força da televisão está a ser canalizada para o Brasil, sobretudo da TV portuguesa que por cá vai pesando cada vez mais. Até aqui nada me admirou neste comentário, porém quando ouvi dizer: longe vão os critérios em que o QI tinha significado e escolhia os melhores. E voltando ao estafado pendor brasileiro, lá me repetiu a anedota que por aí andou na berra há uns anos atrás: Lá no Brasil quando alguém se candidata a qualquer coisa, pergunta-se: qual é o seu QI? E, o candidato, perplexo, responde: Qual deles? E, sem grande admiração, ouve: Quem Indica, é claro!….

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    1. Não poderia estar mais de acordo. Não querendo generalizar, há muito que os critérios de qualidade foram relegados para segundo plano. É um facto que, neste género de filmes, vulgo comédias românticas, é necessário um golpe se asa para se conseguir ir mais além, fugindo assim aos estereótipos que estes filmes habitualmente encerram. O cinema continua a ser uma arte sublime, oferecendo narrativas
      extraordinárias que reflectem um sem número de estados de alma, num permanente turbilhão de emoções! É essa a verdadeira essência do cinema, na minha humilde perspectiva. É um facto que o QI é muitas vezes uma miragem… a anedota do seu amigo é simplesmente deliciosa e ganha grande relevo nesta espuma dos dias, reflectindo a realidade dos novos tempos. E, neste caso, não me estou a referir apenas ao cinema, como é óbvio.

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